terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Raimundos

O COMEÇO

Tudo começou em 87, quando Digão e Rodolfo se conheceram, por morarem na mesma rua, num dos bairros de Brasília. Naquela época Rodolfo tocava guitarra, e Digão bateria. Logo se reuniram para jogar conversa fora e tocar as músicas de seu grupo favorito – os Ramones. Segundo Rodolfo, o amplificador utilizado por ele era tão ruim que ficava igual. E Digão levava um som bem "hardcore", influenciado principalmente por Dead Kennedys (ele considera o álbum "Bedtime For Democracy" o seu predileto). Mas faltava o baixo.


CANISSO NA BANDA

A sugestão de Rodolfo foi chamar o Canisso, pois ele daria um visual "arrojado" para a banda. Com a entrada de Canisso, o negócio começou a ficar um pouco mais sério, e as primeiras composições começaram a surgir. E foi no reveillon de 88, na casa do amigo Gabriel (ex-vocalista e guitarrista da banda Little Quail), que aconteceu o considerado primeiro show do Raimundos. E uma das pessoas na platéia era ninguém menos que o futuro baterista da banda, Fred Mello. E ele comenta: "eu lembro que eles tocaram covers de bandas que eu gostava muito naquela época, além de músicas próprias com letras interessantes". Rodolfo complementa: "Já era ‘forró-core’ na época: a gente tocava uma música nossa, uma do Zenilton (o forrozeiro predileto dos caras) e um monte dos Ramones", conta – utilizando o rótulo criado por eles próprios para definir o estilo da banda (conforme o encarte da fita demo), mas que depois viria a ser "amaldiçoado" pela banda, por limitar o som (mais detalhes adiante). A parte nordestina do som do Raimundos é hereditária, a cultura nordestina sempre esteve presente na vida deles. "Minha família é da Paraíba, e eu me lembro que desde os dez anos, eu sempre ia naqueles churrascos familiares com os meus pais. Tocava forró o tempo inteiro, e eu achava aquilo um saco. Só gostava das músicas do Zenilton, por causa das letras sacanas, achava aquilo muito fera", conta Rodolfo. Dessa forma, estava definida a fonte de inspiração da banda. O próximo passo era a divulgação, através de shows em pequenos bares de Brasília, e principalmente festas. Segundo Fred, que presenciou de fora o início da banda, "existia um estigma em Brasília, sempre que tinha uma festa e o Raimundos ia tocar, a festa lotava". A banda continuou dessa forma durante dois anos, até sua separação.

O FIM DO RAIMUNDOS

Com o surto de bandas de heavy metal que tomou conta da cidade (1989/90), a banda passa a acreditar que deveria seguir o mesmo caminho para atingir o sucesso. Resolvem recrutar músicos melhores (um novo baixista e um segundo guitarrista), achando que deveriam tocar melhor. Em 90, a banda se separa, devido a diversos problemas internos. "Cada um foi cuidar da sua vida. Canisso foi estudar Direito (Universidade de Brasília) e teve seus filhos, o Digão largou a bateria por problemas auditivos (estava ficando surdo) e começou a tocar guitarra, e eu cantava em uma banda chamada ‘Royal Straight Flesh’", afirma Rodolfo. Depois, Rodolfo se casou e foi morar no Rio. "A separação nos fez bem. Todos crescemos muito e chegamos à conclusão de que queríamos ser músicos mesmo", afirma Digão.

O RETORNO

Em 92 surgiu uma oportunidade de tocar em um bar em Goiânia e a decisão foi unânime: o Raimundos seria ressuscitado. Porém, como a banda não tinha mais baterista (Digão agora era guitarrista, deixando Rodolfo livre para os vocais), a saída foi apelar para uma bateria eletrônica. Canisso explica: "arrumaram um show pra gente em Goiânia. Levamos tudo preparado na eletrônica, pois a mesma batida dava pra todas as músicas dos Ramones. Só que por um problema de impedância, o negócio tocou tudo diferente". Era inevitável a procura por um novo baterista.

FRED NA BANDA E A FITA-DEMO

Ainda em 92, Fred, que já era fã do grupo, foi recrutado para a bateria, dando um direcionamento mais sério para o trabalho da banda. Rodolfo conta: "o Fred entrou na banda e logo se adaptou. Tirou todas as músicas na bateria, começamos a fazer shows, no ano seguinte já gravamos a demo, e estamos nessa correria até hoje". A famosa fita demo do grupo gravada em 1993, levou o nome de "Raimundos Demo-Tape", e continha quatro músicas: "Nêga Jurema", "Marujo", "Palhas do Coqueiro" e "Sanidade" – esta inédita em álbuns até hoje, por se tratar de uma letra séria, totalmente diferente do estilo que consagrou o grupo – além disso, seus riffs inicais foram utilizados na música "Tora Tora", enterrando de vez a idéia inicial). Com essa fita, a banda iniciou a sua divulgação pelo país. A fita espalhou-se rapidamente, pois o som da banda era uma novidade no cenário musical brasileiro.

JUNTA TRIBO

Mas a imprensa preferia ignorar o movimento "underground", as bandas sem gravadoras e principalmente as letras recheadas de palavrões. Mas o grupo crescia, e foi no festival Junta Tribo, realizado pelo fanzine Broken Strings em plena Unicamp (universidade de Campinas) que a banda começou realmente a chamar atenção. O evento reuniu cinco mil malucos e dezessete bandas independentes durante três dias. Quem viu a apresentação daqueles quatro candangos de crossover alienígena diz que foi memorável. "O engraçado é que eu mesmo liguei pedindo pra gente tocar", conta Fred. "Nosso nome nem estava no cartaz do evento". Terminaram como unanimidade do festival. A partir daí, o Brasil começou a ouvi falar no som do Raimundos, e a fita demo passou a ser disputada a tapa pelos quatro cantos do país.

M2000 SUMMER CONCERTS

E foi no festival M2000 Summer Concerts, em Santos (04/02/94), que o Raimundos passou a chamar a atenção de todos. O show, bastante aguardado por aqueles que já haviam ouvido falar da banda, mais ainda não conheciam o som, serviu para firmar a banda com um som totalmente hardcore (como pôde ser visto na imprensa, no dia seguinte), diferente do que alguns esperavam – 50% forró e 50% hardcore. Apesar do som ter apresentado problemas, e a banda estar um pouco fora de forma ("fazia um mês que a gente estava parado, só tomando Coca-Cola e comendo pizza", entrega Digão), o show foi um dos mais aplaudidos da noite (tocaram Doctor Sin, Deborah Blando, Rollins Band, Mr. Big e Lemonheads), pelo público de 80 mil pessoas. Rodolfo comenta: "Na hora que eu vi o hotel cinco estrelas e o ônibus só pra gente eu pensei: ‘cara, a gente é banda!’".

BANDA DE ABERTURA

Algumas bandas que gostaram daquele novo estilo do grupo começaram a convidar os caras para abrir shows no Rio de Janeiro. Eles abriram shows do Camisa de Vênus, Ratos de Porão no Circo Voador e uma temporada completa para os Titãs – em um desses shows, um mal sucedido "mosh" dado pelo baterista Fred lhe acarretou um coágulo no cérebro, felizmente retirado com uma cirurgia. O convite para abrir esses shows lhes rendeu uma legião de fãs, e a atenção das grandes gravadoras. Rodolfo conta: "várias delas nos procuraram querendo mexer no nosso som, censurar as letras e diminuir a intensidade. Podíamos estar agora cheios da grana e infelizes, mas preferimos recusar as propostas". Mal sabia ele o que essa fidelidade com o som original da banda viria a acarretar para o rock nacional dos anos 90.

O SELO BANGUELA

O jornalista e radialista brasiliense Carlos Marcelo, tendo uma cópia da fita demo em mãos, entrou em contato com um amigo jornalista da revista musical Bizz (atual ShowBizz), ninguém menos que o Carlos Eduardo Miranda, que conta: "eu escutei aquela fita e já entrei em contato com os caras, falei pro Fred vir para São Paulo, que a gente precisava conversar, pois já existia alguns planos sobre o selo Banguela , mas nada estava certo ainda. Então a gente se encontrou, já ficamos amigos". A vontade de gravar o grupo era tanta que os próprios Titãs, junto com o produtor Miranda, resolveram montar o selo, filiado a gravadora Warner, que ficaria responsável pela distribuição dos álbuns do Banguela. "As outras gravadoras oferecem contratos milionários, limusine, hotel cinco estrelas, só que quem acaba pagando todo isso são as próprias bandas, que tem que vender muito para cobrir os gastos. Nós temos o suficiente, o mínimo necessário pra fazer algo apresentável". Foi assim que o grupo finalmente começou a gravar o seu disco de estréia. A partir daí a banda passa a morar em São Paulo, já que nenhuma gravadora teria condições de ficar bancando as viagens para Brasília. No início eles ficaram hospedados na casa do Carlos Eduardo Miranda, onde tiveram que dormir no chão. Mas não por muito tempo.

FORRÓ-CORE x ROCK PAULEIRA
Mas afinal, o que era o "forró-core"? Este termo foi criado para definir a mistura que a banda fazia em algumas músicas, mas surgiu mais como uma brincadeira. Alguns repórteres chegaram a perguntar para eles como foram os trabalhos de ‘pesquisa’ de forró. Mas, como já havia sido dito, o forró surgiu meio que inconscientemente no som da banda. E como o termo criado por eles próprios passou a limitar o som do grupo (já que se esperava algo com metade rock e metade forró), eles preferiram passar a denominar o estilo como sendo apenas "rock pauleira".

O PRIMEIRO CLIPE

Um pouco antes do álbum de estréia sair eles gravaram de forma independente, com a produção do "CPCE" da UnB (Universidade de Brasília) e direção de Eduardo Bellmonte, o clipe da música de trabalho do álbum, "Nega Jurema". Este foi o pontapé inicial para a divulgação da banda para aqueles que ainda não conheciam o som, ou seja, através da MTV (já que o som era impróprio naquela época para tocar em certas rádios FMs). Um fato curioso é que o clipe, apesar da precária produção visível, devido a pedidos do público, participou da escolha da audiência na MTV, para o clipe que representaria o Brasil nos Estados Unidos (perdeu para o Sepultura, com o clipe de "Territory"). A banda se despediu de Brasília com um show no bar/ boate Gate’s Pub, no dia 21/04/94.

O PRIMEIRO ÁLBUM

Com o lançamento do álbum, a banda volta pra São Paulo, para divulgar o disco. É nessa época que o grupo é apresetado aos seus maiores ídolos, os Ramones. Eles estavam de passagem pelo Brasil, e participaram de um coquetel, onde também estava sendo lançado o álbum dos Raimundos. Digão conta: "Pois é, a gente estava lá no hotel, maior festa, disco do Raimundos pra lá e pra cá, de repente eu olho pro lado e vejo o C.J., aí pensei: ‘caralho, fudeu!’ a gente conheceu os caras, eles são muito loucos, entregamos o disco pra eles. Eu nunca pensei que isso fosse acontecer comigo algum dia". A partir desta época a banda começou a ganhar espaço na mídia.

MTV E MONSTERS OF ROCK 94

Nos meses seguintes ao lançamento do primeiro álbum, a banda segue na divulgação (inclusive em alguns programas de TV da época, como o Jô Soares Onze e Meia, Programa Livre, o já extinto TV Zona e, é claro, no canal musical MTV), sempre recebendo a admiração de todos, pois era inegável a originalidade e o carisma da banda. E mesmo tendo apenas um clipe lançado até então, a banda marca presença na disputa da audiência da MTV (onde estiveram em todos os anos seguintes), na época restrita apenas a uma escolha do público de qual clipe representaria o Brasil na festa americana. Dentre os diversos artistas que na época já tinham seus clipes divulgados na MTV, "Nega Jurema" estava entre os cinco preferidos do público, mas acabou perdendo para o clipe de "Territory" do Sepultura – mas com certeza a indicação já foi uma grande demonstração da popularidade que a banda já havia conquistado, mesmo sem ter um clipe com excelente produção. E a popularidade da banda lhes rendeu também uma participação na primeira edição do lendário festival Monsters of Rock em agosto de 94, no estádio Pacaembu, em São Paulo. O grupo tocou ao lado das bandas Dr.Sin, Angra e Viper, além das atrações internacionais Slayer, Suicidal Tendencies (influência confessa do grupo), Black Sabbath e Kiss. Os destaques ficaram para "Selim", que nesta época Rodolfo e Canisso já não aguentavam mais tocar, a introdução de "Carro Forte", com o grito de guerra do grupo Camisa de Vênus – "Bota Pra Fuder” (segundo Rodolfo, a primeira banda de rock pauleira do Brasil) e um trecho de "Tá Querendo Desquitar", do sanfoneiro Zenilton, que viria a ser gravada no segundo álbum da banda, e a participação do João Gordo em "MMs".

RAIMUNDOS E RAMONES

Apesar do grupo ter conhecido os ídolos Ramones durante o lançamento do primeiro álbum (comentado na História da Banda Parte 2), foi na turnê que a banda americana fez junto com o Sepultura por cinco cidades brasileiras que pela primeira vez os grupos tocaram no mesmo palco (emoção em dobro, já que o Raimundos também não negavam serem fãs do Sepultura). A turnê batizada de "Acid Caos Tour" contou com o Raimundos em três cidades – Porto Alegre (Gigantinho, 9/11), Bauneário Camboriu (Pavilhão da Santur, 11/11) e em Curitiba (Pedreira Paulo Leminski, 12/11), sendo este último o melhor show da carreira da banda até então, segundo eles. E foi durante a passagem de som em uma dessas cidades que o Digão viveu um dos momentos de maior emoção na sua vida. Ao assistir a passagem de som do Ramones como um assumido fã, eis que de repente o guitarrista recebe um convite de ninguém menos que Johnny Ramone: tocar uma música com o resto da banda no lugar dele, naquele momento. Apesar do nervosismo, Digão não exitou, e recebeu das mãos do guitarrista a sua guitarra surrada, aquela mesmo que Johnny ostentou durante os mais de 20 anos de banda.


1º MTV VIDEO MUSIC AWARDS BRASIL

A banda participa em agosto de 95 do 1º MTV Video Music Awards Brasil, premiação feita pela MTV aos melhores clipes do ano, divididos em diversas categorias. O grupo concorre nas categorias "Video Clipe do Ano" e "Rock", ambos com o clipe "Bê a Bá" e ganha na última categoria citada. O prêmio significou tanto para a banda que o vocalista Rodolfo não conseguiu se conter e começou a chorar. Outra participação do grupo na festa foi na entrega do prêmio de “Melhor Clipe de Rap", que eles entregaram para o rapper Gabriel, “O Pensador”. Os clipes seguintes que a banda fez foram para as músicas "Palhas do Coqueiro" e "Rapante" (iniciando com este os trabalhos com o diretor Raul Machado, que viria a produzir outros clipes da banda).

LAVÔ TÁ NOVO

Depois de vender quase 200 mil cópias do primeiro disco, a banda se prepara para o lançamento do segundo álbum, "Lavô Tá Novo", pela WEA. As rádios receberam a primeira música de trabalho, "Eu Quero Ver o Oco", sem a mistura de forró com rock pesado que popularizou a banda e pouquíssimos palavrões. A banda acompanhou a mixagem do álbum em Los Angeles (Pacifique Studios) e aproveitou a passagem por lá para gravar o clipe de "Eu Quero Ver o Oco", novamente com o diretor Raul Machado música que colocou a banda definitivamente no hall das maiores bandas de rock do Brasil de todos os tempos, e considerada por muitos como sendo o "hino do rock nacional dos anos 90".

HOLLYWOOD ROCK 96 E ESPORREI NA MANIVELA

O Raimundos abre a segunda noite do Hollywood Rock 96, no estádio do Pacaembú (SP), que conta ainda com as participações do Urge Overkill, Black Crowes e Jimmy Page & Robert Plant neste mesmo dia. O show, que teve menos de uma hora, foi um dos que mais contagiou a platéia em todo festival. A banda aproveita a intervalo entre as apresentações em São Paulo e a etapa do Rio para gravar em Curitiba o segundo clipe do "Lavô Tá Novo". A música escolhida é "Esporrei na Manivela" e, segundo o grupo, o clipe foi todo gravado com cenas de primeiro "take". Em seguida é a vez do Rio de Janeiro conferir, na Praça da Apoteose, o festival Hollywood Rock 96 e a apresentação do Raimundos. A MTV transmitiu este show ao vivo para todo país.

A BANDA NA ESPANHA

Em março de 96 a banda se prepara para sua primeira apresentação no exterior, no "Esparrago Rock Festival" em Granada, Espanha. Apesar de já terem recebido convites para tocar em outros países, como na Argentina, o grupo acha que esta é a hora certa para se aventurar pelo exterior. A gravadora do grupo, a Warner, se prepara para lançar o álbum "Lavô Tá Novo" na Espanha e em Portugal. A banda toca ao lado da Rollins Band (inclusive pela segunda vez, já que eles haviam tocado juntos em 94, no M2000 Festival em Santos, antes mesmo do primeiro álbum do Raimundos ser lançado). A revista nacional Rock Brigade promove o já conhecido "Melhores do Ano" entre os leitores e a banda fica em segundo lugar nas categorias nacionais de "Melhor Banda" e "Melhor Capa" ("Lavô Tá Novo") e leva primeiro lugar em "Melhor Disco" ("Lavô Tá Novo"), "Melhor Show", "Melhor Clipe" e "Melhor Letra" (com "Eu Quero Ver o Oco"). Na categoria melhor música, a banda não ficou com o primeiro lugar, perdendo para "Domingo", dos Titãs. Em compensação, levaram todas as outras posições (segundo, terceiro, quarto e quinto lugares com "Eu Quero Ver o Oco", "Tora Tora", "O Pão da Minha Prima" e "Sereia da Pedreira", respectivamente).

I SAW YOU SAYING


A banda resolve mudar os planos, guarda o clipe de "Esporrei na Manivela" na geladeira e lança a nova música de trabalho, "I Saw You Saying". O clipe, novamente dirigido por Raul Machado, apresenta uma "atmosfera" anos 60, bastante diferente dos dois anteriores, já que a direção foi a mesma. A música foi um grande sucesso nas FMs, garantindo ao grupo um público maior ainda.

ESPANHA NOVAMENTE E 2º VMB
Em agosto de 96 a banda retorna à Espanha, dessa vez para participar do Felix Rock Festival (encontro anual de grupos alternativos e independentes). Segundo o grupo, "nossa apresentação foi animal, superando de longe os shows da primeira viagem, que também tinham tido uma aceitação muito boa. Só que dessa vez o bicho pegou de verdade, parecia o público do Brasil!". O grupo tocou no sábado e o Ratos de Porão no domingo. No dia 22/08 a MTV promove a segunda edição do prêmio MTV Vídeo Music Brasil, desta vez no Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo. Infelizmente a banda não venceu em nenhuma das categorias que estava concorrendo (melhor clipe de rock – vencida por eles no ano passado, com o clipe de "Bê a Bá"), melhor direção e melhor clipe do ano, todas com o clipe de "I Saw You Saying" e, “Escolha Da Audiência”, com o clipe de "Eu Quero Ver o Oco"). Mesmo assim, levaram para casa um dos cobiçados prêmios da emissora, o chamado "Prêmio Sim MTV" (prêmio extinto no ano seguinte, que era dado para a banda que mais havia se destacado e evoluído no período de um ano), entregue merecidamente ao grupo. O prêmio foi entregue pelos caras do Skank, vencedores nesta categoria no ano passado. Mas o que valeu mesmo foi a festa, que contou com uma apresentação do grupo tocando "I Saw You Saying" (vestidos a caráter, com a participação de Gabriel – ex-Little Quail – e de duas backing vocals, apelidadas depois de "as Raimundas") e "Eu Quero Ver o Oco".

MONSTERS OFF ROCK NOVAMENTE

Ainda em agosto de 96 a banda se apresenta pela segunda vez no festival Philips Monsters Of Rock, desta vez como única atração nacional. O show aconteceu no estádio do Pacaembú, em São Paulo, e teve como atrações (pela ordem): Mercyful Fate, King Diamond, Helloween, Raimundos, Biohazard, Motörhead, Skid Row e Iron Maiden. O show da banda comprovou mais uma vez a eficiência do grupo em festivais, agitando o público presente. O show contou com algumas surpresas ("I Saw You Saying" teve as mesmas participações especiais do MTV Video Music Brasil, e "Nega Jurema" contou com efeitos especiais – fogos na hora do "pipoco do trovão"), mas mostrou basicamente o mesmo pique das apresentações do grupo. No mês seguinte, finalmente estréia na MTV o novo clipe da banda, "Esporrei na Manivela". Baseado na letra da música, o clipe mostra cenas desde o coletivo, passando pela prisão (incluindo o delegado com "cara de viado") até a liberdade dos meninos. A direção ficou novamente por conta de Raul Machado, sendo esse o quarto clipe do grupo dirigido por ele.

CESTA BÁSICA

A turnê do álbum "Lavô Tá Novo" se estendeu por todo o ano de 96 e para não deixar o ano sem nenhum lançamento, foi sugerido ao grupo pelo empresário que lançassem um ambicioso projeto. Um box-set com CD, Home Video e Revista em Quadrinhos, resgatando a trajetória que a banda seguira desde o início até o estrelato. Para muitos, um grupo com apenas dois álbuns lançar tal material poderia representar um risco, afinal não se sabia qual seria a reação do público. Por se tratar de um material voltado para os fãs que a banda já tinha, e não um novo álbum de carreira com composições inéditas, a gravadora resolveu lançar apenas 8 mil cópias iniciais do box-set e também o CD separadamente. Mas o sucesso de vendas foi tão grande que o disco, mesmo não tendo material inédito, vendeu bem e chegou a disco de ouro, sendo a tiragem do box-set ampliado para 100 mil cópias (atualmente esgotado, apenas o CD é ainda encontrado). O CD também batizado de "Cesta Básica" é composto por três covers (Ramones, Sex Pistols e Filhos de Menguele, ex-banda do Digão), uma música da fase independente ("A Sua"), uma música inédita (o ska "Papeau Nuky Doe"), quatro músicas ao vivo e uma regravação para "Puteiro em João Pessoa" – segundo a banda, esta música merecia ser resgatada neste kit, pois o grupo não tinha tido oportunidade de fazer um bom trabalho em cima dela, considerada por eles como a música mais importante da carreira até então (e uma das mais pedidas nos shows até hoje). Portanto, além da regravação, "Puteiro em João Pessoa" virou história em quadrinhos (assinada pelo cartunista Angeli), e ganhou um clipe digno (já que na época do primeiro álbum apenas a MTV lançou um clipe da banda ao vivo para trabalhar esta música). Falando em clipe, além de apresentar em primeira mão o já citado clipe de "Puteiro em João Pessoa", o primeiro Home-Video da banda – também parte do kit – trazia todos os outros clipes da carreira até então (exceto o clipe de "Bê a Bá", que a banda preferiu incluir em versão ao vivo, mostrando o retorno da platéia nessa que é uma das músicas favoritas dos fãs) e mais alguns clipes e trechos ao vivo em shows importantes, como o Philips Monsters of Rock 96 e as apresentações no exterior. Além disso, a fita também apresenta uma entrevista com o grupo e pessoas ao seu redor, contando a trajetória do Raimundos até então.

O DESGASTE DA TURNÊ

Com a continuidade da turnê "Lavô Tá Novo", apenas adicionando ao repertório algumas composições do "Cesta Básica" – entre elas a inédita "Papeau Nuky Doe" e a punk "Infeliz Natal" – as viagens eram muitas, e vários fatores desgastantes foram se acumulando (distância da família, o convívio diário entre os componentes e as inevitáveis brigas, além do cansaço de estar muito tempo na estrada) e acabaram resultando em uma crise com o Digão, que em um momento impensado consumiu uma substância que não caiu bem, afetando a sua saúde mental. Digão passou a ter lapsos de memória, síndrome de pânico que duraram um mês, obrigando o guitarrista a pensar seriamente em deixar a banda – isto chegou a ser anunciado em um show. Porém, buscando ajuda na família e nos membros da banda, Digão conseguiu que a situação se revertesse. Ele se recuperou, mas era inevitável umas férias para a banda.

LAPADAS DO POVO

Com a turnê se extendendo até 97, o resultado foram férias mais curtas e os compromissos começaram a pintar, afinal a banda tinha que cumprir os planos da gravadora e já passava o tempo de lançar um novo trabalho lembrando que desde o "Lavô Tá Novo" a banda não lançava material inédito. A correria para agendar estúdio resultou em uma falta de locais bons no país, pois todos já estavam lotados no tempo estipulado para o álbum sair. Pesquisas foram feitas e constatou-se que seria viável ir para os States gravar e mixar o álbum – além disso, o produtor escolhido seria novamente o inglês Mark Dearnley, o mesmo do "Lavô Tá Novo". Com poucas músicas compostas e quase nenhuma letra escrita, a banda teve que passar uma temporada em Los Angeles. A distância da família e dos amigos, o estigma de banda incapaz de escrever letras sérias (com críticos incompetentes chegando a compará-los aos Mamonas), uma febre de bandas nacionais tentando copiar o estilo da banda, além dos problemas com o público mais pesado por causa da treta no Monsters of Rock 96 e o incentivo do empresário para que a banda se tornasse a mais pesada do país – somando ainda a cena hardcore de Los Angeles (onde a banda assistiu vários shows, entre eles do Suicidal Tendencies) e, é claro, a pressão da gravadora. Todos estes fatores influenciaram para que o Raimundos gravasse o mais pesado de seus álbuns. E sem dúvida "Lapadas do Povo" (que já profetizava no nome a "porrada" que o ouvinte levaria na orelha) é um álbum polêmico: para alguns, um dos melhores álbuns do grupo, por evitar o lado mais comercial, ou seja, evitaram as músicas mais acessíveis para os ouvites de FMs. Por outro lado, muitos fãs sentiram falta das principais características do grupo: letras sacanas, músicas de duplo sentido e a variedade sonora que a banda praticava, já que o “Lapadas" é basicamente um álbum de peso. A primeira faixa de trabalho escolhida foi "Andar na Pedra", uma música inteligente falando sobre os caminhos difíceis da vida. Gravaram o clipe da música com a Conspiração Filmes (uma das maiores empresas nacionais no ramo de vídeo-clipes, em clima de superprodução), em um túnel em construção no metrô do Rio.

O INÍCIO TRÁGICO DA TURNÊ
A banda inicia a turnê “Lapadas do Povo” em um clima excelente, pois estavam com um álbum que consideravam um presente para os fãs, além de estarem mais unidos do que nunca depois de se recuperarem dos problemas pessoais já citados. Porém, o destino guardava uma triste fatalidade no caminho do grupo. Depois de um excelente show no Clube Santista (Santos/SP), a falta de uma quantidade ideal de saídas para o público culminou em um aglomerado em apenas uma das saídas, resultando em um acidente causado pela queda de um corrimão em uma escada de dois metros e meio. Vários fãs foram pisoteados pela multidão assustada, causando a morte de oito presentes. O grupo, que só foi informado do ocorrido quando já estava no hotel, ficou chocado e bastante triste com o ocorrido. Não tiveram forças para prosseguir com os shows, cancelaram as datas já agendadas e só retornariam dois meses após o acidente. Por causa disto, a divulgação inicial do álbum indispensável para uma boa aceitação das rádios foi prejudicada por dois meses. Sem falar que parte da imprensa preferiu culpar o grupo pelo acidente, atrapalhando mais ainda a turnê (em algumas cidades proibiram a entrada de menores no show).

WIPE OUT 2

Convidado pela cineastra Renata Neves, que estava fazendo o curta-metragem "The Big Shit", Rodolfo compôs e chamou Digão e Guiminha (na época, técnico de som da banda) para gravarem uma música para a trilha sonora do filme. A música, batizada de "Wipe Out 2", contou com Rodolfo no baixo e vocal, Digão na bateria (relembrando a época da ex-banda Filhos de Menguele e do início do Raimundos) e Guiminha na guitarra – com um solo animal. A música viria a ganhar um clipe no segundo semestre de 98, apenas com o Rodolfo e o Digão – apesar de ser considerada uma música do grupo, tanto na trilha sonora quanto no clipe. Falando em trilha sonora, o álbum saiu pela 89 Records, mas com uma tiragem bem reduzida, transformando o mesmo em uma raridade entre os fãs da banda (mesmo contando com apenas uma música do grupo).

O PRIMEIRO DECLÍNIO NA CARREIRA
Seguindo na divulgação do álbum, o tempo longe dos palcos por causa do acidente de Santos acabou prejudicando na divulgação do "Lapadas do Povo" nas rádios FMs (levando em consideração também que se tratavam de músicas menos acessíveis), que preferiam voltar os olhos para a crescente moda da axé-music e do pagode mauricinho. Apenas as rádios rock trabalharam músicas da banda, e nenhuma rádio a nível nacional deu apoio ao Raimundos neste momento. Apesar de novamente o grupo receber disco de ouro, a vendagem do álbum foi inferior ao "Lavô Tá Novo", e a turnê também foi menor (com alguns shows cancelados devido à censura para menores, já que o público da banda é predominantemente adolescente). Apenas dois clipes foram feitos neste álbum, o já citado "Andar na Pedra" e "Nariz de Doze", gravado em Brasília, na fazenda da família do Digão, com direção de Eduardo Belmonte (o mesmo de "Nega Jurema" e que viria a fazer mais clipes da banda, que serão comentados mais pra frente). Mesmo contendo músicas que passaram a ser cantadas por todos os fãs, como "Nariz de Doze", "Baile Funky", "Pequena Raimunda" e "Wipe Out", o disco marcou uma fase difícil da banda – era o primeiro declínio na carreira do Raimundos, ou melhor, no rock nacional depois do surgimento dos caras.

SINGLE
Mesmo com o espaço na mídia reduzido, a banda foi convidada pela Rider, fabricante de sandálias, para compor uma música para a sua nova linha infantil. E a banda compôs uma versão hardcore para a canção de ninar "Nana Neném", e o resultado foi tão satisfatório que além de render o comercial, também seria utilizada no primeiro single da banda lançado comercialmente. Para completar o single a banda resgatou uma sobra de estúdio do álbum "Lapadas do Povo", a música "Reggae do Manêro" – que como o nome já diz, trata-se de um reggae com o tempero do Raimundos. A música teria ficado de fora do álbum por ser um estilo totalmente diferente do restante das músicas, mas nada melhor que aproveitá-la em um single. O single – batizado simplesmente de "Nana Neném/Reggae do Manêro" – foi lançado em agosto de 98, atualmente encontra-se esgotado nas lojas, mas até o momento (turnê "Só no Forévis") ele continua sendo vendido nos shows da banda.

O NOVO ÁLBUM

Finalizada a turnê do "Lapadas do Povo", a banda começa a planejar e a traçar os preparativos para o novo álbum. Em mente, tinham apenas a certeza que o melhor seria que o álbum fosse todo gravado no Brasil, com a participação ou presença de vários amigos, pois só assim conseguiriam retornar ao verdadeiro estilo da banda, e sobretudo fazer um álbum alegre, pra cima. A fase de pré-produção (onde a banda compõe antes de entrar em estúdio) rolava na casa do Canisso e na do Rodolfo, com um clima de amizade muito grande. E foram nesses primeiros encontros que nasceu a primeira música no novo álbum, a baladinha "A Mais Pedida". Segundo a banda, foi logo de cara que eles botaram pra fora a mágoa que estavam sentindo em relação à cena musical na época. A banda jamais declarou ser contra qualquer estilo de música, mas o que estava acontecendo era uma verdadeira injustiça: o rock estava sem espaço, as rádios e programas de TV só exibiam axé-music e pagode, enquanto os shows da banda em vários locais eram censurados por juízes proibindo a entrada de menores, shows como o do grupo É o Tchan e Companhia do Pagode não tinham censura nenhuma, sendo que a taxa de erotismo era absurdamente maior. Portanto, tudo o que a banda queria neste projeto era reconquistar o espaço do rock na mídia (e graças a Deus, estão conseguindo, e a primeira música composta para o disco já trazia em sua letra toda essa revolta – e nada melhor que colocar uma letra irônica em uma música acessível, feita especialmente para tocar nas rádios (como o próprio nome diz), funcionando justamente como um “cavalo de tróia”.

PROBLEMAS COM O EMPRESÁRIO

A banda entra em estúdio para gravar o novo álbum. No entanto, insatisfeitos com o empresário, aproveitam o fim da turnê e resolvem sair fora, procurar outra pessoa para cuidar dos negócios – tudo indica, como podemos ver no clipe de "A Mais Pedida", que havia uma certa injustiça na distribuição do dinheiro arrecadado nos shows. A rescisão de contrato se estendeu por todo o primeiro semestre de 99, e durante o período a banda estava impossibilitada de fazer shows. Somente em junho o problema se desenrolou e finalmente a banda pode assinar com o novo empresário – atualmente está na ATB Produções. Para sorte deles, a produtora com quem eles já estavam acostumados a trabalhar, a Deyse, já havia saído antes deles da empresa anterior para integrar a ATB, o que facilitou a vida dos caras, que apesar da troca de empresários continuou com a mesma equipe de produção.

NOVO ÁLBUM

Voltando às gravações do álbum, a banda decidiu desta vez trabalhar o álbum todo no Brasil. Entraram no AR Studio, na Barra da Tijuca (RJ), e recrutaram os produtores Tom Capone (conhecido músico e produtor nacional e amigo de infância dos caras) e o brother Carlos Eduardo Miranda, o mesmo produtor responsável pelo primeiro álbum da banda. O desafio: gravar um álbum onde o grupo retomasse a sua identidade (de certa forma perdida no “Lapadas do Povo”) mas que ao mesmo tempo não fosse um regresso.
Quem conhece os caras sabe que o Raimundos tem consciência da importância que o forró tem no estilo dos caras, assim como o Zenilton e o Ramones, mas a preocupação da banda está em mostrar que Raimundos é único, que não pode viver constantemente apoiado nesses três elementos. As influências sempre existirão, mas com características próprias. E com este desafio em mente a banda iniciou a composição das novas músicas.
Em um clima super tranquilo e com bastante entrosamento, as gravações do álbum se desenrolaram. Nos intervalos, muito surf e outros esportes. As participações ocorreram tranquilamente, algumas sequer planejadas. Dentre os convidados, temos a Érika, do grupo Penélope cantando na faixa "A Mais Pedida" (segundo o Rodolfo, o convite partiu quando ele assistiu a uma apresentação da banda e se impressionou com a voz e a performance da vocalista no palco), o baixista Bi Ribeiro, do Paralamas, mandando ver em "Me Lambe" (a banda contou que o Bi apareceu e eles ainda nem haviam composto uma linha para o baixo, e que ele criou tudo na hora, gravando em seguida). Na faixa "Deixa Eu Falar" (que inicialmente havia sido batizada de "Reggae-Metal"), Black Alien e o Alexandre da banda Natiruts (ex-Nativus) dividem os vocais com o Rodolfo (ele conta que as partes foram escritas separadamente, cada um mandando a sua idéia), e finalmente o brother Telo, considerado o "quinto raimundo", manda ver na introdução de "Alegria", música originalmente gravada pela sua ex-banda, o Filhos de Menguele. Entre as outras participações temos o Marcelo D2 (que canta na vinheta inicial, "Só no Forevis – Selim"), Bruno "Cheeba" (irmão do Rodolfo, responsável pelos arrotos no álbum), Gabriel (ex-Little Quail e atuamente no Autoramas, participa dos backing vocals da música "Aquela", originalmente gravada pelo Little Quail), Los Djangos (a banda de ska participa da introdução de "Língua Presa") e finalmente o próprio Tom Capone, que entre outras participações gravou o baixo na versão cowntry de "Mulher de Fases". Também tiveram participações nas letras – além das já citadas, "Fome do Cão" foi escrita pelo Rodolfo junto com o pessoal do Rumbora. Uma verdadeira festa entre amigos. As gravações seguiram bem durante janeiro e fevereiro de 99, e inclusive contaram com surpresas: Digão foi pai novamente, com o nascimento da filha Giulia no mês de fevereiro (ele já tinha um filho, o Ricardo). Segundo o Fred, este foi o álbum mais fácil e tranquilo de gravar: ele gravou a bateria de todas as músicas em apenas dois dias, utilizando dois kits: um para as músicas mais pesadas e outro menor para os "hardcores". Outra curiosidade ocorreu no momento de escolher as modelos que aparecem na contra-capa do CD: 14 modelos se inscreveram para tentar uma das duas vagas, e a própria banda iria fazer a escolha. No entanto, a equipe do estúdio não queria perder este momento de jeito nenhum, já que a escolha seria com as mulheres em roupas de banho. A saída encontrada foi fazer a seleção em uma sala pouco iluminada, onde os caras se esconderam e apenas a banda estava visível. Com a presença das modelos, nem precisa dizer que os risos foram inevitáveis, gerando um certo constrangimento.

MULHER DE FASES, CLIPES E PROBLEMAS

Finalizadas as gravações, restava agora aguardar a finalização do álbum, com o lançamento previsto para maio/99. Em abril sai o CD-Promo da primeira faixa de trabalho do álbum "Só no Forevis", escolhida pela própria banda: "Mulher de Fases". Aproveitam o sucesso instantâneo que a música toma, indo parar direto nas primeiras posições das rádios, e preparam um clipe – na verdade dois, pois com o dinheiro cedido pela gravadora para fazer o clipe eles aproveitam a brodagem com o diretor José Carlos Bellmonte e gravam dois, já escolhendo por conta própria a segunda música de trabalho, "A Mais Pedida". Os clipes, gravados em Brasília, contaram com a participação de fãs e também de sócios do Fã Clube (inclusive eu, que por sorte apareço em um momento do clipe, na parte "…não tinha dormido bem porque não levantou…"). Outro fato interessante no clipe de "A Mais Pedida" é que algumas fotos usadas nas capas das revistas e jornais que aparecem depois da Érika foram retiradas do nosso Web Site. As gravações terminaram na véspera do lançamento do "Só no Forevis", e era grande a ansiedade. No entanto, no dia 17 (véspera do dia programado para os CDs chegarem às lojas), assaltantes invadiram a empresa responsável pelo estoque dos CDs e roubaram todas as 100.000 primeiras cópias do álbum, além de outros títulos que estavam no mesmo galpão. O roubo caiu como uma bomba no ótimo momento que a banda passava, mas eles não se deixaram abalar por isso e foram à imprensa pedir para que os fãs não comprassem os CDs roubados, e que em 10 dias o problema estaria sendo resolvido com uma nova prensagem. Cogitou-se a possibilidade de fazer mudanças para diferenciar o CD roubado, mas acharam melhor evitar isso para que não houvesse um incentivo aos fãs que com certeza, caso a capa por exemplo fosse modificada, iriam querer ter os dois na coleção.

SÓ NO FOREVIS

No final do mês de maio chega às lojas o tão aguardado novo CD da banda. A música “Mulher de Fases” já estava estourada nas rádios e o clipe em rotação extrema na MTV, garantindo à banda dois prêmios na festa Video Music Brasil, promovida pela Emissora – Melhor Clipe de Rock e Escolha da Audiência, o principal prêmio da festa e maior prova da popularidade da banda. Como prêmio, a banda recebeu da MTV uma viagem para New York para assistir a edição americana da festa.
Em seguida estréia o clipe de “A Mais Pedida”, que também recebeu muitos elogios e uma boa aceitação do público. A terceira música de trabalho do “Só no Forevis” foi “Me Lambe”, escolhida pela banda para ser a música do verão 99/2000. O sucesso destas músicas garantiu ao grupo participações em programas de rádio e TV, alguns que jamais abriram espaço para o rock. O resultado desta excelente aceitação: mais de 500 mil cópias do álbum vendidas, batendo todos os anteriores, e a maior turnê que a banda já fez, passando até 2, 3 vezes por cidades onde costumavam tocar apenas uma vez nas turnês passadas, ou até cidades que jamais haviam se apresentado – entre elas o Gama, citado na letra de “Boca de Lata”, e Sobradinho, cidade onde o Rodolfo nasceu (ambas no DF) . Em Manaus, bateram o recorde de público em um show do Raimundos: 25 mil presentes.
So No Forevis Foi um Sucesso total tanto com a mídia quando com a credita,vendagem do cd contabiliza 800 mil copias vendidas,fora a pirataria e o roubo de 100 mil copias quando cd estava no caminhão.

MTV AOVIVO

O projeto do primeiro disco ao vivo da banda coincidiu com um novo projeto que a MTV estava planejando para o ano de 2000, o MTV Ao Vivo. Semelhante ao "Acústico MTV", o novo projeto consistiria em gravações de shows de bandas consagradas que viriam a se transformar em programa especial, CD e DVD. E a primeira banda escolhida foi então o Raimundos. A banda se encarregou de gravar o material em várias apresentações (2 shows em São Paulo, 1 em Goiânia1 em Sorocaba e mais 2 em Curitiba), pois eles não queriam se limitar a uma única apresentação para poderem chegar ao melhor resultado possível sem precisar recorrer a recursos posteriores em estúdios, como boa parte das bandas faz por aí. No show em Curitiba, que por sinal foi o que teve o resultado final mais satisfatório e por isso consiste na base do CD ao vivo, a MTV esteve presente fazendo as filmagens que resultaram no progrmaa "MTV Ao Vivo" de estréia. Já o CD recebeu um tratamento especial, pois o repertório afiado da banda e as exigências dos fãs definiram que o álbum não poderia ter 15 ou 20 músicas como o usual, mas sim 40 músicas! A saída foi fazer um álbum duplo, mas que também fosse vendido em edição separada, para que todos tivessem acesso. Além disso, para os fãs incondicionais a banda resolveu lançar uma edição especial e limitadao álbum, em embalagem especial e com mais fotos da turnê – mais detalhes aqui no site, na área "Material – Outros". O repertório do álbum incluiu então 38 faixas ao vivo, a regravação de "20 e Poucos Anos" (apesar de inicialmente ter sido gravada exclusivamente para o programa, o público começou a pedir a música nas rádios), e também uma gravação inusitada da música "Reggae do Manêro", feita no sound check antes do show em Curitiba, com a participação de 15 Integrantes do Fã Clube Oficial da banda – muitos de outros estados, que haviam ido para a cidade exclusivamente para assistir as gravações do álbum e acabaram recebendo este agradecimento especial da banda.
Lançado no final de outubro de 2000, o álbum "MTV ao Vivo Raimundos" foi bem recebido pelo público – os fãs mais antigos puderam finalmente ter o registro deste que é considerado há anos um dos melhores shows de rock do Brasil, e os novos fãs puderam conhecer a trajetória da banda desde o álbum de estréia – e emplacou três músicas de trabalho: "Deixa Eu Falar", "20 e Poucos Anos" e "Reggae do Manêro". O álbum também já ultrapassou as 500 mil cópias e em breve o show será lançado em DVD.

FIM E O RECOMEÇO

A banda já pensava nos preparativos para o próximo álbum de estúdio, quando o vocalista Rodolfo virou crente e resolveu deixar a banda. Os outros integrantes (Digão, Fred e Canisso) descartaram a idéia de procurar outro vocalista e decidiram encerrar as atividades da banda. Passado um tempo, já com a cabeça fria, os três decidiram seguir em frente. Digão, além da guitarra assumiria o vocal.
ÉRAMOS 4

A banda lançou no lugar do cd de estúdio com inéditas lançou o cd " Éramos 4 " com a faixa "Sanidade" originalmente gravada para a primeira fita demo de 1992. E gravada as pressas em agosto de 2001 para entrar no cd para mostrar a nova formação da Banda, as faixas " Desculpe mas eu vou chorar" registrada no projeto Cult Cover Demo, programa da rádio Cultura FM de Brasília em 1993, e " Nana Neném" que foi uma versão que a banda vez para um comercial da Rider, e registrada em single de 1998, também na voz do ex- vocalista Rodolfo que ainda aparece nas outras 10 faixas restantes que foram tiradas de um show que a banda fez no aniversário da rádio 89 FM em 2000, tocando músicas dos Ramones com a participação de Marky Ramone ( Baterista dos Ramones).
Na turnê do CD “Éramos 4 " Entrou na Banda o guitarrista Marquinho (ex-Peter Perfeito)

KAVOOKAVALA

No ano seguinte ( 2002) a banda lançou o CD "Kavookavala" que ao contrário dos cds antigos não foi trabalhado pela gravadora, não teve muita divulgação e teve uma venda inexpressiva,alem da saída do baixista canisso membro da formação original da banda no começo da turnê ou fato que deixo a banda abalada, até mesmo porque tem gente que nem sabe que ele existe e a partir desse momento a banda entrou em crise com a gravadora Warner. Depois de um ano tentando se livrar da gravadora, a banda conseguiu se livrar dela em 2004.

EP VIRTUAL

Em (2005) a banda volta à cena e com uma proposta inovadora! Independentes e com o baixista Alf, que é também vocalista do Rumbora completando a formação, a banda gravou uma demo com cinco músicas chamada . qQ cOisAh (Lê-se ponto qualquer coisa) o Ep foi disponibilizado para download gratuito via o site da MTV, estima-se que o ep teve mais de 70 mil downloads, que é uma marca muito boa.

SAIDA DE FRED E ALF – RETORNO CANISSO E CHEGADA DE CAIO

Depois de um longo período fora da mídia, desgastes e concertos cancelados, surge a necessidade dos integrantes seguirem suas carreiras com projetos paralelos. Digão e Denis Porto lançam o Denis & Digão pela Universal Music, e o SuperGalo (Fred, Alf e inicialmente Marquim). O tempo passou, e com ele vieram os choques de agenda, fato que ocasionou o retorno de Canisso; inicialmente apenas para um concerto. Fred, que já andava discordando musicalmente com Digão, resolveu sair da banda, já que tinha brigado com Canisso, que se torna fixo na banda novamente. Caio, baterista do Dr. Madeira, é chamado ao lugar de Fred. A banda voltou a fazer vários shows, lançou uma turnê em 2008, rotulada de "A volta de Canisso", e vem fazendo shows de médio porte pelo Brasil inteiro, resgatando velhos fãs e conquistando a moçada mais jovem. Tudo indica que aos poucos a banda está voltando à evidência. A principal aparição da banda, foi no Programa Altas Horas, em abril de 2008.

Para 2009, a banda já da pistas de que as "coisas" voltarão a dar certo para a banda, depois de talvez 7 anos longe da grande mídia, a banda se diz preparada para voltar a brilhar junto com os grandes nomes do rock mundial. "-Afinal, uma das bandas que mais fez sucesso nos anos 1990 e início dos anos 2000, jamais se acabaria aos poucos, pelo contrário, o tempo serviu para aprendermos a não dependermos 100% da mídia sacana!" – Afirma Digão, líder da banda desde 2001.

2009, SHOWS E MAIS SHOWS

O ano de 2009 foi basicamente o ano de consolidar a formação, mostrar que o Raimundos esta com gás total e abrir portas em eventos, festivais e programas de TV.
Raimundos teve uma media de 8 shows por mês, hoje em dia, até uma banda que esta na mídia é complicado, imagine uma banda que não lança cd faz 7 anos.
Nos planos de Digao(Vocal e Guitarrista) em 2010 vai ser lançado um DVD AOVIVO,com possíveis 2 musicas inéditas.

RAIMUNDOS E TICO SANTA CRUZ

Recentemente, Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas, afirmou que irá fazer uma turnê com Raimundos dividindo os vocais com Digao, em 2010.
O atual vocalista, Digão, afirmou que a mudança é temporária e será só durante a turnê que começa em 2010. Digão também afirmou que Tico continua a se apresentar com o Detonautas e os dois estão conciliando as agendas para que ele possa cantar nas duas bandas.
Os frutos dessa parceria já começaram a aparecer,no dia 03 de março Raimundos se aprensentou no BBB10,Chamando atenção nacionalmente da mídia.
Tico Santa Cruz falou que vai ser possível ter show duplo ,Raimundos e Detonautas,tico recentemente comento no TWITTER que ele recebeu 40 ofertas de show com as duas bandas juntas so no mês de abril.

FONTE: http://raimundosmg.blogspot.com.br/2010/05/ex-integrantes.html

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