domingo, 6 de fevereiro de 2011

The Clash

Resumo
Embora o punk rock britânico seja geralmente associado apenas ao Sex Pistols, tão importantes quanto estes na definição e difusão do estilo foi a banda The Clash, menos baseada em atitude e mais baseada em conteúdo que seus companheiros de alfinetes no nariz. Enquanto os Sex Pistols pregavam anarquia pura e simples, o Clash mostrava em suas letras críticas sociais sutis e algum esquerdismo. Enquanto os Sex Pistols era apenas uma banda de rebeldes, o Clash era uma banda de rebeldes com uma causa. Musicalmente falando, o Clash foi capaz de
 evoluir bastante no decorrer de sua carreira, inclusive se aventurando em sonoridades diferentes do punk rock, flertando com o pop, reggae, ska e blues, abrindo caminho para a new wave.
A banda que deu origem ao The Clash se chamava London SS, formada em 1975 pelos guitarristas Mick Jones e Keith Lavene (que mais tarde participaria do Public Image Limited de John Lyndow), o baixista Paul Simonon e o baterista Terry Chimes (Tory Crimes). Antes haviam passado pela banda o baterista Nicky Headon e o baixista Tony James (que mais tarde participaria das bandas Generation X e Sigue Sigue Sputnik). Chamaram para os vocais Joe Strummer (John Graham Mellor) que tocava com a banda 101'ers. O sexto homem da banda era o empresário Bernie Rhodes que sugeriu que a banda se apresentasse como guerrilheiros para chamar a atenção. A banda foi rebatizada de The Clash e logo convidada para abrir alguns shows dos Sex Pistols.
Em 1977 foi gravado o primeiro disco pela CBS, pouco antes da saida do baterista Terry Chimes que foi substituído por Nick Headon. No auge do movimento punk o álbum auto-intitulado rapidamente chegou ao topo das paradas inglesas. Rebatiam as críticas de que haviam se vendido para uma major dizendo que iriam destruir a gravadora estando dentro dela e provavam não ser o dinheiro sua principal preocupação procurando fazer com que os discos fossem vendidos na medida do possível ao preço de custo. O fato de Joe Strummer ser um filho da classe burguesa londrina não impedia que os componentes da banda fossem constantemente presos por furto ou vandalismo. Ao mesmo tempo participavam e organizavam shows de rock com propósitos políticos, anti-racismo e socialmente engajados.
Com o segundo LP, Give 'Em Enough Rope de 1978, conseguiram finalmente alguma repercussão no mercado americano fazendo com que o primeiro LP fosse também lançado a nível mundial. Seguiram-se duas bem sucedidas turnês na América.
A influência de novas sonoridades, principalmente o reggae, ficaria clara no terceiro LP, London Calling (curiosamente um LP duplo que foi vendido ao preço de LP simples, fato inédito até então). London Calling (que também mostrou muitas influências de rock and roll e blues, o que o levou a ser muito aceito nos Estados Unidos) foi o maior sucesso comercial da banda. Em meio a reclamações de que lançar um LP duplo não era atitude condizente com uma banda que se dizia punk, foi gravado Sandinista!, um LP triplo (vendido ao preço de um LP duplo). O experimentalismo foi ainda mais longe, incluindo instrumentos de sopro e eletrônicos. Enquanto a popularidade da banda crescia a nível mundial os fãs ingleses passavam a abandona-los e a banda consequentemente passava a se apresentar mais na América.
O baterista Nick Headon foi demitido da banda por apresentar problemas sérios com drogas (embora a razão oficial tenha sido diferenças políticas) e para seu lugar foi chamado o antigo componente Terry Chimes. Com esta formação lançaram Combat Rock e participaram de uma péssima turnê americana, abrindo para a banda The Who (o Clash era ininterruptamente vaiado pela platéia). Logo após a turnê Terry Chimes e Mick Jones abandonaram a banda por não concordarem com os rumos que sua música estava tomando. Foram substituídos pelo baterista Pete Howard e pelos guitarristas Vince White e Nick Sheppard. Com esta formação, em 1983, lançaram Cut The Crap, seu pior disco, execrado pela crítica e pelo público.
Enquanto a popularidade do Clash declinava Mick Jones começava a despontar com sua nova banda, Big Audio Dinamite. Joe Strummer resolveu seguir o exemplo do ex-companheiro e acabar oficialmente com o The Clash, seguindo em carreira solo. Mais tarde viriam a trabalhar juntos novamente no Big Audio Dinamite.


Formação e primórdios da banda


Formado originalmente por John Mellor, mais conhecido como Joe Strummer (vocais, guitarra rítmica), Mick Jones (vocais, guitarra), Paul Simonon (baixo e vocais), Keith Levene (guitarra guia) e Terry Chimes, creditado no primeiro LP como "Tory Crimes" (bateria), o Clash foi formado em Londres em 1976 durante a primeira leva do punk britânico. Strummer fazia parte dos The 101ers e Jones e Simonon da lendária banda de proto-punk London SS. Por influência do empresário Bernie Rhodes, Levene e Simonon recrutaram Strummer. Estava formado o Clash. Keith Levene foi o guitarrista da banda neste começo, mas depois de cinco shows abandonou o grupo sob circunstâncias ambíguas.
Depois do lançamento do primeiro álbum do Clash, Chimes foi substituído pelo baterista Topper Headon. Inicialmente a banda foi conhecida por sua visão extremamente esquerdista e pelas roupas que eles pintavam com slogans revolucionários. O primeiro show foi em 1976 como banda de apoio dos Sex Pistols, e então eles assinaram contrato com a CBS Records. O Clash lançou seu primeiro compacto ("White Riot") e seu primeiro álbum (The Clash) em 1977, alcançando sucesso considerável no Reino Unido. Apesar disso a CBS se recusou a lançá-los nos Estados Unidos, só o fazendo dois anos depois.
The Clash foi um álbum de punk rock britânico seminal. A maioria das canções eram porradas de 2-3 minutos, mas as composições e melodias superiores destacaram Strummer e Jones entre a maioria de seus contemporâneos. Incluiria também a primeira evidência de sua habilidade, que se repetiria por toda a carreira da banda, de absorver um estilo musical e dar a ele uma atmosfera própria, aqui com uma versão do clássico do reggae “Police and Thieves
Seu álbum seguinte, Give 'Em Enough Rope, foi o primeiro a apresentar Topper Headon em todas as faixas. Rope foi lançado em 1978, alcançando a segunda colocação na parada de sucessos britânica mas fracassando em sua tentativa de penetrar no maior mercado mundial de canção, os Estados Unidos.
Sucesso nos Estados Unidos.
Give 'Em Enough Rope foi o primeiro álbum do Clash lançado nos E.U.A., e para divulgá-lo a banda organizou uma turnê norte-americana em 1979. Seu primeiro álbum só sairia ali em julho de 1979, então em versão drasticamente revisada e editada da lançada anteriormente.
O sucesso de crítica e de vendas do Clash nos Estados Unidos veio com London Calling, um álbum duplo lançado em 1979 (pelo preço de um simples, por exigência da banda). Além do punk, apresentava uma gama variada de estilos, incluindo o rockabilly e reggae. É considerado o melhor álbum do Clash, e foi eleito um dos 10 melhores álbuns de sempre pela revista Rolling Stone.
A seguir veio Sandinista!, álbum triplo pelo preço de um duplo, lançado no final de 1980. A banda continuou seus experimentos com o reggae e o dub, se expandindo em direção a outras técnicas de produção e estilos musicais, que incluíam jazz e hip-hop. O resultado confundiu os novos fãs e as vendas caíram, embora tenham se saído melhor nos E.U.A. Depois do lançamento de ‘’Sandinista!’’, o Clash entrou em sua primeira turnê mundial, visitando países da Ásia e da Oceania.
Em 1982, a banda retornou com o mais vendido de seus álbuns, Combat Rock, apresentando os sucessos "Rock The Casbah" e "Should I Stay Or Should I Go?".
Tensões e dissolução
Os sintomas aparentemente passaram despercebidos com o sucesso de Combat Rock, mas depois deste álbum o Clash começou lentamente a se desintegrar. Topper Headon foi demitido devido à problemas com drogas, e o baterista original da banda, Terry Chimes, foi chamado de volta para a turnê seguinte. Depois da turnê Combat Rock de 1982 ele saiu do Clash, convencido de que o grupo não duraria muito tempo com todas as brigas e desentendimentos. Em 1983, depois de uma longa busca por um novo baterista, Pete Howard foi recrutado e tocou com a formação original em alguns shows nos Estados Unidos.
Em setembro de 1983, Strummer e Simonon expulsaram Jones da banda, citando seu comportamento problemático e divergências musicais. Depois de uma série de testes, a banda contratou Nick Shepperd e Vince White, ambos com 23 anos, como seus novos guitarristas. Eles voltaram a se apresentar em janeiro de 1984, e no final do mesmo ano anunciaram que um novo disco estava a caminho.
As sessões de gravação deste novo álbum foram decepcionantes, com o empresário Bernie Rhodes recusando o talento considerável de Howard em favor de uma bateria eletrônica, alterando drasticamente os arranjos das canções e baseando o som da banda em sintetizadores.
Desiludidos com o álbum, Strummer levou o Clash para viajar pela Inglaterra e Escócia, tocando de graça em esquinas e bares. O grupo apresentou seus últimos shows em 1985. Enquanto isso, Cut the Crap era lançado, sendo bombardeado pelas críticas e sofrendo vendas pífias.
Carreiras pós-Clash
Joe Strummer atuou em alguns filmes, gravou trilhas sonoras e tocou com algumas bandas de sucesso limitado. No final dos anos 90, ele reuniu um grupo chamado The Mescaleros, assinando com o selo punk Hellcat Records e lançando um álbum chamado Rock Art and the X-Ray Style. A banda passou a fazer turnês pelos Estados Unidos e Inglaterra, tocando, além de suas canções, sucessos do Clash e clássicos do reggae. Em dezembro de 2002, Strummer morreu subitamente, vítima de um ataque cardíaco. Ele tinha 50 anos. O álbum do Mescaleros em que ele estava trabalhando, Streetcore, foi lançado postumamente em 2003, sendo aclamado pela crítica.
Depois do fim do The Clash, Paul Simon entrou para um grupo chamado Havana 3AM, que gravou somente um álbum no Japão e se separou. Posteriormente Simonon voltaria às suas raízes de artista visual, organizando várias galerias de arte. Sua relutância em voltar a tocar foi citado como a principal razão de o Clash ter sido uma das poucas bandas punks britânicas dos anos 70 que não se aproveitou da febre de nostalgia punk que assolou o final dos anos 90 para tentar relançar a carreira. Atualmente, faz parte da banda The Good, the Bad and the Queen, formada ainda por Damon Albarn (vocalista), o ex-membro do The Verve e guitarrista do Blur e Gorillaz Simon Tong e o baterista da banda Africa '70 de Fela Kuti Tony Allen. Tal banda tem feito bastante sucesso de crítica e de público.
Mick Jones, após sair do CLASH, por desentendimentos com os outros integrantes, fundou e participou da banda Big Audio Dynamite - BAD (banda de beat reggae dub), na qual alcançou relativo sucesso no final dos anos 1980 e início dos 1990; e atualmente encontra-se na banda Carbon/Silicon.
Depois de ser despedido do Clash, Topper Headon seguiu sem rumo com seu vício em heroína. Ele formou uma banda de jazz que durou pouco tempo. Até a gravação do documentário de Don Letts sobre o Clash, Westway To The World, Headon tinha sumido do mundo da canção. Atualmente ele está limpo e continua a tocar. Foi em um de seus shows que ele ficou sabendo da morte de Joe e, em 2003, anunciou que tocaria em tributo ao antigo companheiro de banda.
Política
A música da banda era frequentemente carregada de ideologia política de esquerda. Joe Strummer, em particular, foi um militante comprometido com as causas de esquerda. O Clash é creditado como a banda pioneira na defesa da política radical no punk rock, sendo seus membros conhecidos como os "bagunçeiros pensantes" por muitos simplesmente por expressarem um ponto de vista político diferente do anarquismo. Assim como a maioria das primeiras bandas de punk, o Clash protestava contra a monarquia e a aristocracia. Mas, ao contrário destas, o Clash rejeitou o niilismo. Ao invés disso, eles se solidarizaram com diversos movimentos de libertação da época, tendo participado ativamente de grupos como a Anti-Nazi League (em português: Liga Anti-Nazista). Em abril de 1978, o Clash foi a principal atração do show Rock Against Racism no Victoria Park em Londres, que teve o comparecimento de 80.000 pessoas. Nele, Strummer vestiu uma polêmica camiseta com as palavras "Brigate Rosse" e o emblema da facção Baader-Meinhof estampadas no centro. Ele declarou posteriormente que usou a camiseta não para apoiar os grupos terroristas, mas para chamar atenção para a existência deles. Na canção "Tommy Gun", o grupo renuncia à luta armada.




A visão política da banda era expressada explicitamente em letras de canções como "White Riot", que encorajava os jovens brancos a entrarem para organizações que defendem os direitos dos negros; "Career Opportunities", que tratava da alienação dos mal-pagos, dos trabalhos rotineiros e o descontentamento com a falta de alternativas no mercado de trabalho; e "London's Burning", que falava da desolação e do tédio no interior da capital britânica. A artista Caroline Coon, asssociada à cena punk, argumentou que "estas fortes canções militaristas eram o que precisávamos durante o começo do Thatcherismo". Os interesses políticos da banda aumentaram em gravações posteriores. O título de Sandinista! celebrava os rebeldes de esquerda que haviam derrubado o déspota nicaragüense Anastasio Somoza, e o álbum era preenchido com canções politicamente orientadas que se estendiam para muito além das costas britânicas: "Washington Bullets" abordava as operações militares secretas ao redor do globo, enquanto "The Call-Up" era uma reflexão sobre a política de conscrição dos Estados Unidos. A faixa "Straight to Hell" de Combat Rock foi descrita pelos críticos de música Simon Reynolds e Joy Press como uma "volta ao mundo em guerra cinco versos pelas zonas de inferno onde crianças-soldados definham".
A ideologia política da banda se refletia em sua resistência às motivações da indústria musical que visavam o lucro habitual; mesmo em seu auge, os preços de ingressos para shows e lembranças eram razoáveis. O grupo insistiu para que a CBS vendesse seus álbuns duplo e triplo London Calling e Sandinista! pelo preço de um único álbum cada (cerca de cinco libras esterlinas na época), obtendo êxito com o primeiro e se comprometendo a vender o segundo por £5,99 e concedendo todos os direitos de shows até que as primeiras 200.000 cópias fossem vendidas. Estes princípios de valor por dinheiro significavam que eles estavam sempre em dívida com a CBS, só começando a atingirem a independência financeira em 1982.
Legado e influência


De acordo com o The Times, o álbum de estreia do Clash é, ao lado de Never Mind The Bollocks, Here's The Sex Pistols, "a declaração definitiva do punk" e London Calling "continua sendo um dos álbuns de rock mais influentes". Na lista de 2003 da Rolling Stone dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, London Calling aparece em oitavo, a melhor colocação de uma banda punk. The Clash apareceu na 77a posição e Sandinista! na 404a. Na lista de 2004 da revista das 500 melhores canções de todos os tempos, "London Calling" aparece em décimo quinto, mais uma vez a melhor colocação de uma banda punk. Outras quatro canções do Clash aparecem na lista: "Should I Stay Or Should I Go" (228), "Train In Vain" (292), "Complete Control" (361) e "White Man In Hammersmith Palais" (430). "London Calling" apareceu em 48o na lista das 100 melhores canções que utilizam guitarra elétrica da mesma publicação.
Discografia
Álbuns de estúdio

1977: The Clash
1978: Give 'Em Enough Rope
1979: London Calling
1980: Sandinista!
1982: Combat Rock
1985: Cut the Crap
Compilações

1980: Black Market Clash
1988: The Story of the Clash, Volume 1
1991: The Singles
1994: Super Black Market Clash
2003: The Essential Clash
2004: London Calling: 25th Anniversary Legacy Edition
2007: The Singles
Box Sets
1991: Clash on Broadway
2006: Singles Box
Ao vivo
1999: From Here to Eternity: Live
2008: The Clash: Live At Shea Stadium
EPs
1977: Capital Radio
1979: The Cost of Living



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