domingo, 4 de setembro de 2011

Shocking Blue


O Shocking Blue hoje em dia, infelizmente, é colocado na categoria dos chamados “one hit wonders”, ou seja, aqueles artistas de um sucesso só. Seu maior hit, a célebre “Venus”, é tão marcante que obscureceu tudo mais o que eles fizeram. Para outros, o Shocking Blue é aquele grupo que compôs “Love Buzz”, uma das primeiras gravações comerciais do Nirvana. Não interessa qual seja sua referência. O fato é que o quarteto holandês foi um dos melhores grupos de pop/rock do começo dos anos 70. Todo mundo conhece “Venus”, mas a história do grupo hoje em dia ainda é envolta em certo mistério. A música foi número um da Billboard americana outras duas vezes: em 1981, na versão da banda Stars, e em 1986, com o Bananarama.

O SB foi criado em 1967 por Robbie Van Leeuwen, que há um tempo batalhava na cena beat holandesa. Também faziam parte o baterista Cor Van Beek, o baixista Klaassje van der Wal e o cantor Fred de Wilde. Em 1968, o grupo assinou com o selo Pink Elephant e lançou o single "Lucy Brown Is Back In Town", que fez um sucesso moderado. 

Logo depois, o empresário foi a uma festa que estava sendo animada por uma banda chamada Bumble Bee, cuja cantora era uma beldade exótica chamada Mariska Veres. Não demorou muito para que os produtores do SB a convidassem para substituir o cantor Fred de Wilde. Sua voz e visual lembravam Grace Slick (Jefferson Airplane), embora o SB não tivesse muita coisa de acid rock em seu som. A chegada de Mariska trouxe novos elementos à banda, que juntava soul, R&B, country e até timbres de música oriental.

No final de 1969, a banda gravou a música que faria sua fama e fortuna. “Venus”, escrita por Robbie Van Leeuwen, trazia um refrão de violão inesquecível, sem dúvida inspirado na recente “Pinball Wizard”, do The Who. A voz rouca de Mariska confundiu muita gente, que não sabia se o vocal era de homem ou de mulher. A música chegou ao terceiro lugar da parada holandesa e foi sucesso nos quatro cantos do planeta. 

E foi primeiro lugar também nos Estados Unidos, um fato importantíssimo, já que nenhum outro grupo europeu (exceto Inglaterra, é claro) tinha conseguido isso. Imediatamente, lançaram o álbum At Home, que continha “Venus” e “Love Buzz”, que anos mais tarde iria fazer a cabeça de Kurt Cobain. 
O Shocking Blue seguiu lançando excelentes singles, que fizeram enorme sucesso na Holanda, no resto da Europa e Japão, como “Mighty Joe”, “Never Marry a Railroad Man”, "Hello Darkness”, “Shocking You”, “Long Lonesome Road”, “Blossom Lady” e “Inkpot”. Mas o quarteto nunca mais voltou a fazer sucesso nos Estados Unidos.
O começo dos anos 70 foram de incrível atividade para a banda, que excursionou por todo o Velho Continente, Japão, Indonésia e Hong Kong. Mas o cansaço tomou conta, e aos poucos ela foi se fragmentando. Em 1971, o baixista Klasssje pedia a conta. Dois anos depois, o líder e compositor Robbie Van Leeuwen abandonava o barco. Mariska continuou por algum tempo, até que, em 1974, o Shocking Blue já não existia mais.

Mariska lançou alguns discos solo, que infelizmente seguiam pela linha do europop brega e não condiziam com seu talento. Algumas curiosidades sobre a moça: pouca gente sabe, mas aquele cabelão todo era peruca. Ela era tímida e se sentia incomodada com a pecha de sex simbol. Não curtia o mundo de sexo e drogas e, até onde se sabe, nunca casou. A morena, arredia e anti-social, recentemente comentou numa entrevista: “Eu era apenas uma boneca pintada, ninguém podia me alcançar. Hoje em dia estou muito mais aberta às pessoas”. 
Depois de anos na obscuridade, o pessoal do SB voltou na metade dos anos 80 para alguns shows nostálgicos muito bem recebidos, onde até tocaram músicas do Jefferson Airplane. A reunião com os membros originais não durou, mas Robbie Van Leeuwen permitiu que Mariska continuasse usando o nome Shocking Blue. Ela seguia na ativa, cantando “Venus” e outras pérolas da época. 
O selo alemão Repertoire relançou todos os álbuns do SB no formato dois em um, tendo também em seu catálogo algumas excelentes compilações. Imperdível mesmo é o DVD Hits Around The World, que saiu pelo selo holandês BR Music. O DVD tem clipes, aparições de TV e um documentário que registra a tour mundial no começo do anos 70, além de aparições solo de Mariska. 

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