Tudo começou em 1976, em São Paulo, quando Paulo Ricardo de Oliveira Nery conheceu Luiz Schiavon na casa de um amigo em comum. Neste dia conversaram muito sobre música. Paulo estava começando sua carreira como crítico musical e Schiavon era um pianista clássico. Schiavon buscava um novo caminho, mais popular, mas sentiu dificuldade em encontrar alguém. Os dois planejavam, então, criar sua própria banda de rock
Foi assim que Paulo recebeu o convite para integrar o AURA, uma banda de jazz-rock que ainda tinha Paulinho Valenza na bateria. Podemos dizer que o Aura serviu como experimento e forma de trabalho criativo. Em 1983, Paulo abandonou o curso de Jornalismo que fazia na Escola de Comunicação e Artes - USP e foi para Londres, onde passou 6 meses. De Londres Paulo fazia matérias como correspondente para a revista Som Três e reuniu elementos para uma nova banda que pensava formar com Schiavon. De volta ao Brasil e com um projeto já bem definido de banda que idealizou com Schiavon por cartas enquanto esteve fora, os dois começaram a compor. As primeiras foram Olhar 43, A Cruz e a Espada e Revoluções por Minuto.
Gravaram uma fita demo destas músicas com uma bateria eletrônica e encaminharam à gravadora CBS que considerou-as ambíguas e difíceis de tocar nas rádios. O nome 45 RPM (45 rotações por minuto) foi sugerido inicialmente em uma lista de nomes feita por uma amiga. Schiavon e Paulo gostaram do nome, mas tiraram o 45 e mudaram o Rotações por Revoluções. Entram Deluqui e Júnior Na verdade o som de um baixo, teclados e bateria programada deixava o RPM com um som frio demais. Faltava a guitarra. Fernando Deluqui, um guitarrista de estilo punk que vinha da banda Ignoze fazia participações em shows pan-culturais de May East, onde também participou da gravação do disco. Schiavon havia sido convidado para uma participação em um dos show de May East onde pôde mostrar a Deluqui as três músicas da fita demo. Em seguida fizeram alguns ensaios e o som deu certo. Assim, Deluqui entrou pro RPM como o guitarrista. E Júnior como baterista, deixando de lado a bateria eletrônica.
Gravaram uma segunda fita demo com Deluqui e Júnior. O baterista logo saiu, mas pôde participar de alguns shows em danceterias de São Paulo, como a Tífon, Raio Laser, Clash e a Madame Satã. E desta vez a gravadoras CBS (a mesma que havia recusado inicialmente) e Odeon se interessaram pelos rapazes. Preferiram assinar contrato com a CBS que mostrava melhores condições. Gravaram Louras Geladas como um teste e a música se tornou um hit nacional que entrou nas rádios fm's através do disco Rock Wave. Gravaram um compacto com Louras Geladas e Revoluções por Minuto que acabou sendo censurada pelos versos "Agora a China toma coca-cola" e "Aqui na esquina cheiram cola" com alegação de apologia a drogas. Mas tudo acabou bem e a censura liberou.
O compacto foi um sucesso, o que permitiu a gravação do primeiro Long Player da banda. Mas sem baterista, não dava pra gravar. Schiavon lembrou-se então de Paulo Pagni, que havia conhecido quatro anos antes, em uma improvisada jam-session. P.A. era um músico experiente que havia passado algum tempo nos EUA e que de volta ao Brasil montara um estúdio de ensaios, o Planeta Gullis. Em janeiro de 1985, P.A. entrou para o RPM como convidado, no meio da gravação do LP. Em março de 1985, a banda voltou a fazer shows e foi em um destes shows, no Noite Carioca, que Ney Matogrosso se interessou pelos garotos que após uma conversa com Manoel Poladian resolveram que o Ney seria o diretor dos shows.
Em setembro de 1985, estreiou o novo show no Teatro Bandeirantes, o que permitiu uma grande divulgação do RPM e assim o primeiro LP estourou 300 mil cópias com direito a um disco de ouro e outro de platina. Paulo Ricardo gravou Agora eu Sei com a banda Zero. Foi um sucesso geral. Assim, perceberam que era o momento exato para a gravação de Rádio Pirata ao Vivo. Os shows para a gravação aconteceram em 26 e 27 de maio de 1986 no Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo. Resultado = 500 mil cópias vendidas antes de chegar as lojas. Fato inédito no Brasil, a banda conseguiu um disco duplo de platina.
Graças a um repertório de pop-rock muito bem concatenado e a um show superproduzido como nunca antes havia rolado no Brasil, o quarteto gerou uma idolatria digna dos Beatles, com cenas de histeria explícitas a cada nova apresentação. O disco Rádio Pirata ao Vivo, o segundo da discografia da extinta banda paulistana, é o registro fiel de uma dessas performances ao vivo, e inclui boas releituras de músicas do disco de estréia, como Olhar 43 e Rádio Pirata, aliadas a faixas até então inéditas, como Alvorada Voraz e a instrumental Naja, além dos covers de dois nomes que os influenciaram muito, Flores Astrais do Secos & Molhados, e London London de Caetano Veloso. O álbum vendeu mais de dois milhões de cópias e detonou a erRe Pê eMê - mania, além de ter sido um dos primeiros discos ao vivo a vender bem por aqui. A banda ganhou centenas de matérias em revistas de todo o Brasil.
Mesmo com todo o sucesso no Brasil e em países como França e Portugal, o RPM que até teve um Globo Repórter especial e havia se tornado albúm de figurinhas, passava por uma situação difícil. A verdade é que já existia um clima tenso entre os integrantes. Paulo Ricardo se viu alçado quando aos 24 anos, era considerado o maior símbolo sexual brasileiro. Assim, Paulo começou a ser muito requisitado em entrevistas o que deixava a impressão de que o RPM era a banda de apoio de Paulo Ricardo. A gravadora CBS precisou intervir no superestrelato do baixista e cantor. Mas nem mesmo assim, os jornais e revistas deram trégua. Já que Paulo com seu carisma, beleza, inteligência e talento se sobressaia naturalmente. Certamente êxito do RPM, no entanto, causou uma superexposição da banda e os problemas internos começaram a aparecer. Em 1987, Deluqui e Paulo Pagni abandonaram a banda, retornando somente em março de 1988, quando foi lançado o álbum "Quatro Coiotes". Um ano depois, a banda anunciou novamente seu fim. Em 1993, uma nova tentativa de retorno, sem a formação original, foi frustrada após o lançamento do fraco álbum "RPM". Algo muito natural para as bandas da época como o Blitz de Evandro Mesquita, o Barão Vermelho de Cazuza e até mesmo os Secos & Molhados de Ney Matogrosso em 1973. Todas essas bandas passaram pelo mesmo problema o que já dava pra imaginar o que aconteceria em seguir. Especulações apontaram que o fim da banda se deu após o grande investimento na RPM Discos, uma gravadora com selo próprio que não deu certo e acabou inundando os integrantes em dívidas e brigas. A única banda que a RPM Discos lançou foi o Cabine C, do ex-titã Ciro Pessoa, com o LP Fósforos de Oxford, gravado em excelentes estúdios e com capa e encartes luxuosos. O fim da banda se deu em agosto de 1987. Após o fechamento da RPM Discos. Assim, seus integrantes tomaram outros rumos e Paulo Ricardo seguiu carreira solo, e preferiu optar pelo gênero romântico onde começou a se destacar a partir da música Dois, tema da novela Corpo Dourado, da Rede Globo.
1993: Paulo Ricardo & RPM
Apesar de não contar com o tecladista Luiz Schiavon e com o baterista Paulo P.A. Pagni, este disco é considerado por muitos como o terceiro disco de estúdio da banda. Com Paulo Ricardo (voz e baixo), Fernando Deluqui (guitarras), Marquinho Costa (bateria) e Franco Júnior (teclados), este é o disco mais pesado da banda. Sem a influência de Schiavon a banda aposta em guitarras pesadas e solos bem construídos por Deluqui. O disco, mesmo apresentando excelente qualidade musical, não refletiu o sucesso nos palcos e nas vendas. Muitas bandas do rock brasileiro dos anos 80 caíram no ostracismo, principalmente com o fenômeno da música sertaneja e do axé music. Após a malfadada turnê do disco, Paulo e Fernando resolveram seguir caminhos diferentes. O guitarrista gravaria um disco solo e, em 1995, tocaria com os Engenheiros do Hawaii. Paulo Ricardo, por sua vez, trilharia os caminhos da MPB.
2002: MTV RPM 2002
Em 2001, os quatro músicos do RPM se encontraram novamente para ensaiar, sem maiores pretensões, os antigos sucessos. Percebendo o entrosamento perfeito e a vontade de todos de estarem juntos novamente nos palcos, deram início ao retorno do RPM, inclusive com o retorno do empresário Manoel Poladian, considerado o "quinto coiote".
Em 2001 é lançado o single "Vida Real", um cover da música "Leef" do Holandês Han van Eijk, o tema oficial da primeira edição do mundo do reality show Big Brother, que foi escolhido como tema de abertura da edição brasileira do mesmo.
A banda voltou à mídia com o CD e DVD MTV RPM 2002, gravado no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, nos dias 26 e 27 de março de 2002. Além dos grandes sucessos, a banda apresenta canções inéditas, como Carbono 14, Rainha, Vem Pra Mim e Onde Está o Meu Amor (gravada em estúdio e incluída na trilha sonora da novela Esperança, da (Rede Globo). Destacam-se também as participações do músico pernambucano Otto, no instrumental Naja (incluído apenas no DVD); de Roberto Frejat, do Barão Vermelho, na regravação de Exagerado, sucesso de Cazuza; e a participação virtual de Renato Russo na canção A Cruz e a Espada. O CD vendeu mais de 300.000 mil cópias, obtendo o disco de platina.
Em 2003, novamente com a MTV, participaram do projeto Luau MTV.
O grupo, com o sucesso do projeto da MTV, começou então uma nova turnê por todo o Brasil, que não durou muito tempo. Especulações dizem que a banda se separou após os outros integrantes descobrirem que Paulo Ricardo havia registrado todos os direitos em seu nome, iniciando uma disputa judicial pela marca RPM. Outros dizem que houve divergências quanto à sonoridade da banda.
Ainda nessa época seria lançado um novo CD do RPM, porém, com as divergências quanto a banda, o projeto foi abandonado.
Luiz Schiavon e Fernando Deluqui, juntamente com André Lazzarotto, lancaram o álbum LS&D (Viagem na Realidade) (2000 cópias foram lançadas). A música "Madrigal", que foi tema de abertura da telenovela Cabocla, foi bem executada.
Paulo Ricardo e o baterista Paulo P.A. Pagni formaram a banda PR.5. Mesmo com o fracasso do cd Zum Zum, Paulo Ricardo lançou a música Eu Quero Te Levar.
Paulo Ricardo lançou em 2006 o CD e DVD Acoustic Live, com covers de clássicos internacionais, como "Beautiful Girl" (INXS) e "Love Me Tender" (Elvis Presley). Nesse mesmo ano, no segundo semestre Paulo Ricardo, P.A e Luiz Schiavon tocaram juntos no programa Domingão do Faustão, um encontro memorável que relembrou grandes sucessos da banda RPM.
2007: A volta
Em 2007, Paulo lança o CD Prisma, com uma pegada pop rock com as faixas "Diz" e "A Chegada", contando com os membros do PR.5 como músicos de apoio, inclusive o baterista Paulo P.A. Pagni e a participação de Luiz Schiavon na música "O dia D, A hora H".
Ainda em 2007, o grupo RPM tocou junto com todos os seus integrantes em São Paulo, com grande sucesso.
A banda anunciou o lançamento de uma caixa com os 3 primeiros álbuns da banda e mais um CD com remixes, covers e faixas não lançadas, junto com o DVD Rádio Pirata - O Show, contendo o registro de um show realizado em Dezembro de 1986, em São Paulo, filmado pela Rede Globo. Enquanto todos esperam o lançamento oficial, Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo P.A. Pagni andam tocando juntos.
Luiz Schiavon até 2011, dirigiu, junto com o músico Marco Pontes (Caixote), um grupo musical no programa Domingão do Faustão, da Rede Globo.
2011: Elektra
Recentemente, após o lançamento da caixa Revolução! RPM 25 Anos, e após o especial Por Toda Minha Vida na Rede Globo, no fim de 2010, Paulo Ricardo postou em seu Twitter que a banda irá se reunir para gravar um novo álbum em 2011. Schiavon diz que estão vendo possibilidades para a volta aos palcos, já que sua banda no Domingão do Faustão não irá continuar em 2011.
Dias após aos boatos, Schiavon confirma em seu twitter que a banda já está compondo para o novo álbum. O álbum terá 13 faixas. Segundo Paulo Ricardo, a banda quer fazer um som que lembre bandas atuais que misturam rock com música eletrônica como Muse, The Killers, Blur, entre outros. Houve alguns boatos em relação ao produtor Liminha, que foi responsável pela produção de grande parte das bandas da década de 80 e 90, como Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Ira!, Kid Abelha, Cidade Negra, Chico Science & Nação Zumbi, O Rappa, entre outros. Mas o álbum foi produzido por Paulo e Schiavon. Além disso, os shows terão a direção de Ulysses Cruz.
A pré-estreia da Tour 2011, aconteceu no honrado evento de São Paulo "Virada Cultural". Um mês após esta apresentação, foi divulgado o título do álbum, chamado Elektra e foi disponibilizado quatro músicas para download no site oficial da banda.
A estreia da nova turnê foi no dia 20 de maio de 2011, no Credicard Hall, em São Paulo. No entanto, no dia 15 de maio de 2011 a banda se apresentou no programa Domingão do Faustão.
Livro: Revelações Por Minuto
Em dezembro de 2007, o livro "Revelações Por Minuto" foi lançado, contando os detalhes da trajetória da banda, desde seu início (1984) até o fim (1989). O livro foi promovido em uma grande coletiva de imprensa em São Paulo, contando com a presença do autor, Marcelo Leite de Moraes, e os quatro integrantes da banda.
fontes:
http://www.dihitt.com.br/barra/biografia-do-rpm-1
Nenhum comentário:
Postar um comentário