sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Entrevista com Dani Nolden, da banda Shadowside


ETeen: De modo geral, como 2012 foi para a banda? Porque de um tempo pra cá, todos os anos tem sido bons para a Shadowside.
Dani: Foi um ano excelente, sem dúvida alguma estamos no melhor momento da nossa carreira. Realmente todos os anos tem sido bons, mas muita coisa aconteceu em 2012. Fizemos vários shows no Brasil, incluindo nossa primeira turnê pelo Norte e Nordeste do país, ficamos entre as bandas mais tocadas nos Estados Unidos, entre os discos mais vendidos no Japão, confirmamos mais uma turnê na Europa para 2013, dessa vez com o Helloween e Gamma Ray, então realmente não tenho do que reclamar! Consideramos o Inner Monster Out nosso melhor trabalho até hoje e esperávamos que o público compartilhasse essa nossa opinião, porém não tínhamos ideia de que esse álbum nos levaria tão longe. Acredito que é o resultado que você tem quando faz um trabalho de coração, sincero, espontâneo, sem se preocupar muito com qualquer outra coisa além da arte.

ETeen: Qual é a principal diferença no som da banda em relação ao primeiro CD, em 2005, e ao último, em 2011?
Dani: Acho que o que fica mais evidente é que estamos muito mais maduros hoje em dia e com uma identidade muito mais evidente, definida. Na época do primeiro CD, tudo que nós queríamos fazer era ser como nossos ídolos, então tínhamos medo de tentar soar diferentes, porque perdíamos nossas referências. Se fazíamos algo que nunca havíamos escutado antes, soava estranho para nós e automaticamente pensávamos que ninguém gostaria, o que nos fazia abandonar a ideia. Claro que aquela faísca de personalidade já estava lá e muita gente sentiu o potencial que nós tínhamos, porém nós não alimentávamos muito as ideias mais diferentes. Aos poucos, fomos perdendo o medo de experimentar, de ser nós mesmos, decidimos que não era tão divertido assim ser uma banda que não arrisca e começamos a explorar mais nossas personalidades até encontrarmos o som que realmente gostamos, que nos representa, que é o que você pode ouvir hoje no Inner Monster Out – um som pesado, nervoso, porém melódico, que une a agressividade e energia do metal mais extremo com a musicalidade do metal tradicional, do hard rock. Procuramos simplesmente agradar a nós mesmos, nos divertimos trabalhando no CD e decidimos que a melhor fórmula para compor um álbum é fazer o que gostamos de ouvir e tocar, sem medo de sermos nós mesmos.
ETeen: Por que escolheram o nome “Inner Monster Out” para intitular o ultimo trabalho de vocês?
Dani: Eu não considero o Inner Monster Out um álbum conceitual, mas muitas das letras do CD passeiam por essa mesma ideia, de explorar a mente e o comportamento humano. Gosto muito de observar as pessoas e os temas do álbum envolvem timidez, dualidade, escapismo, medos, sonhos, distúrbios de personalidade, consciência… todos nós temos alguma coisa estranha, um pouco de louco, uma esquisitice, ninguém é completamente “normal” quando olhamos de perto, o que torna ser estranho a coisa mais normal do mundo (risos). “Inner Monster Out” é a mente humana exposta, com todas as suas particularidades, por isso o nome do álbum não poderia ser mais adequado.
ETeen: A banda já se apresentou várias vezes nos Estados Unidos, tanto é que receberam o apelido de “Brazilian Metal Hurricane”. Se lembram quando escutaram isso pela primeira vez?
Dani: Sim, foi na Florida! Fomos fazer um show no final do ano, dia 28 de Dezembro, se não me engano… passamos o Natal em um restaurante de fast food (risos). Quando chegamos ao local do show, vimos alguns cartazes com esses dizeres, depois os fãs começaram a falar isso também, então nós adotamos. Achamos o apelido divertido e o adotamos como uma forma de agradecimento ao público dos Estados Unidos que nos abraçou logo no início da nossa carreira internacional.
ETeen: Como foi para vocês tocarem com banda como Iron Maiden, Sepultura e Death?
Dani: É sempre especial dividir o palco com outras bandas, mas tocar com o Iron Maiden foi mais que um sonho realizado, eu os coloco em outra categoria, eles não são apenas uma banda, eles são uma lenda! Ter a oportunidade de dividir o palco com alguém do porte do Iron Maiden é algo que você sonha quando é criança, quando está começando e ganha sua primeira guitarra. Por mais profissional que você seja e acostumado a turnês que você esteja, abrir para o Maiden é uma situação diferente. Os momentos antes do início desse show foram bem emocionantes, cheios de sentimentos misturados… gratidão, por termos sido escolhidos pelo próprio Iron Maiden, ansiedade porque um dos melhores momentos da sua vida está para começar, medo da reação das pessoas, afinal as pessoas pagaram para ver o Maiden, não a banda de abertura e você não sabe se vão gostar de você. Felizmente o show foi incrível, a recepção foi maravilhosa e a galera curtiu conosco do começo ao fim, mas antes de começarmos a tocar bate uma preocupação natural. Tocar com o Sepultura foi também uma honra, afinal eles são a maior banda de metal do Brasil e um exemplo a ser seguido. Mas nunca tocamos com o Death, apesar de que eu teria gostado muito (risos). Tocamos com Helloween, Nightwish, Sepultura, Iron Maiden, entre várias outras… Death infelizmente nunca sequer vi ao vivo. Tocamos com o Daath no Indianapolis Metal Fest, na primeira vez que tocamos no exterior. Apesar de eu não conhecer muito bem o som deles, foi uma experiência bem legal já que eles são uma banda bastante respeitada nos Estados Unidos.
ETeen: A turnê europeia realizada em 2010 durou cerca de 2 meses, certo? O que mais gostaram nessa turnê? Foi muito cansativa?
Dani: Foi cansativa mas foi divertido demais, foi uma aventura do começo ao fim, especialmente quando você pensa em um bando de brasileiros sem qualquer experiência com o inverno europeu, atolando na neve praticamente todas as noites (risos). O mais interessante pra mim foi a sensação de estar fazendo um único show contínuo, pois praticamente não tínhamos tempo pra fazer qualquer outra coisa. Minha rotina era dormir logo após o show e acordar em um país diferente, já praticamente no horário da passagem de som, faltando pouco tempo para a abertura da casa e o início da nossa apresentação. Então era como se nunca ficássemos fora do palco… faça isso durante 2 meses e você esquece como era sua vida pré-turnê (risos). Eu gosto muito dessa rotina intensa de shows e é muito legal observar as reações diferentes de pessoas das mais variadas culturas, não apenas durante o show, mas também como elas interagem com você após o evento.
ETeen: Esse ano vocês ganharam o prêmio de “Melhor Álbum de Heavy Metal” no Independent Music Awards, certo? Qual foi a sensação de levarem um prêmio desses?
Dani: Eu sinceramente não esperava nem chegar a final! São milhares de bandas inscritas todos os anos, então quando fomos anunciados como um dos 5 indicados ao prêmio, eu já quase caí da cadeira (risos). Tinha plena certeza de que não seríamos os vencedores na votação popular, eu não achava que estávamos tão grandes assim a ponto de vencer, tanto que na última semana de votação, quando todos os artistas participantes foram avisados de que deveriam fazer suas últimas campanhas, eu nem me dei ao trabalho de sequer compartilhar o link para que o público votasse… pensei que quem quisesse votar já teria votado e não queria ficar enchendo o saco dos fãs (risos). Foi uma surpresa incrível receber a notícia de que havíamos vencido. Os fãs foram realmente fantásticos e nos mostraram como estão nos seguindo e apoiando. Vencer um prêmio desses, que já teve a vitória de bandas como Lacuna Coil no passado, é uma honra e fico muito feliz de poder dizer que o metal brasileiro tem mais essa conquista.
ETeen: Já estão planejando coisas novas para 2013 ou pretendem continuar em turnê?
Dani: Continuaremos em turnê durante boa parte de 2013, agora em Fevereiro seguiremos com o Helloween e Gamma Ray pela Europa, serão 37 shows em 19 países, depois estamos planejando mais algumas coisas para o Brasil e estudando a possibilidade de mais uma turnê pela América do Norte. Imagino que vamos ficar ocupados com shows. Quando tudo acalmar, vamos sentar para compor um novo álbum, provavelmente no final do ano. Ainda é momento de manter o foco no Inner Monster Out.
ETeen: A entrevista chegou ao fim. Pode deixar um recado agora.
Dani: Muito obrigada a todos pela força, espero que curtam o Inner Monster Out, é dor no pescoço garantida! (risos) Espero vê-los em algum show em breve… abraços!
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