terça-feira, 29 de novembro de 2011

Gaahl: “gente feia me deixa num mau humor terrível”


O ex vocalista do Gorgoroth nem de longe lembra o membro da cena black metal envolvido com inúmeros casos de violência e satanismo. Depois de abandonar a música, ele se dedica a uma grife de roupas com o atual namorado e concedeu uma entrevista à revista Vice Magazine, onde falou sobre moda, música e sobre seus namoros. Confira abaixo alguns trechos da conversa:


Você disse uma vez que “são as roupas que fazem as pessoas”.
Ver gente feia me deixa num mau humor terrível. Eu sou ranzinza mesmo. A estética é importante para mim.


Qual a visão por trás da Wynjo, marca que você criou junto com seu ex-namorado Dan DeVero?
Eu não sou estilista. A ideia foi do Dan, a visão é dele. Dei uma força, uma mão amiga, mas apenas em termos financeiros. Eu funciono mais como um canal para os projetos dos outros. Já faz um tempo que o Dan e eu não conversamos sobre isso. Não é bem o meu mundo. Faz tempo que não vou a um desfile de moda.



Você teria a sua própria marca?
Não – pelo menos não agora. Eu tenho o meu “uniforme”. Mas a gente nunca sabe o que pode vir a passar pela nossa cabeça.


Certo. Como os seus projetos musicais se relacionam com a estética?
Na época do Gorgoroth a gente tinha um monte de ideias caóticas. Tudo dependia de a coisa ser viável na prática. Nos últimos anos da banda a gente pôde fazer muito mais aquilo que queria. No show da Cracóvia, por exemplo, conseguimos fazer um uso mais consistente dos símbolos. A maior parte deles já tinha sido usada antes, em menor escala, mas a gente ainda não tinha conseguido colocar as modelos nas cruzes. Com as cabeças de carneiro nas estacas, ficou uma coisa linda – esteticamente brilhante


Por que você decidiu abandonar o black metal?
O Gorgoroth precisava morrer. Eu precisava acabar com ele. Eu não tinha mais nada a oferecer. Você vai para o palco e não evolui, simplesmente vomita a mesma coisa de novo e de novo. A trajetória de crescimento tinha chegado ao fim. Quando a coisa vira um negócio, com uma porção de entrevistas e publicidade, não sobra tempo para curtir. Isso destruiu a arte. Isso também faz com que as pessoas se aproveitem da própria posição. Eu não consigo trabalhar nessas condições.


Em relação aos homens, é verdade que você tem mais interesse pela parte estética do que pela parte física?
Acho que sou uma espécie de efebófilo. Não entendo a razão do contato físico. É um elemento totalmente estranho a mim.


Você quer dizer que prefere meninos no final da adolescência, ou seja, efebos.
Quanto ao efebo como símbolo, o que mais me interessa é a sua estética. Além disso, tem a coisa do olhar e do desejo de descobrir a individualidade, de se tornar uma pessoa única, que está presente com muita força no jovem, antes que ele seja influenciado pelo ambiente – quando já saiu do universo fantástico da infância e está nos últimos estágios do quase sempre caótico período de transição. Não consigo explicar por que, mas isso é algo que me cativa.


Como é a sua relação com as mulheres? 
Tenho muita admiração por mulheres que têm orgulho próprio. Mas não gosto de meninas. Elas são repugnantes. É uma forma de submissão que me enche de desgosto. Eu jamais conseguiria ter algo físico com uma criatura do sexo feminino. Não gosto das curvas delas, e nunca entendi o apelo dos seios. Gosto muito mais do corpo masculino.


Você ganhou o prêmio de Personalidade Gay do Ano em Bergen no ano passado. O que isso significou para você?
Absolutamente nada. Obrigado, ser a Personalidade Hétero do Ano é demais! É muito legal ser a Personalidade Paquistanesa do Ano! Acho que distribuir prêmios com base na orientação sexual ou na raça das pessoas é uma bobagem. Mas, isso pode ser importante para algumas pessoas, então aceitei.


Pelo jeito você nunca deu muita importância para toda essa coisa de ser gay. 
Isso não tem mais importância do que qualquer outro aspecto da minha personalidade.


E como tem sido a reação dentro da cena do black metal?
O mundo do metal deve ser bastante liberal. Não conheço ninguém que sinta aversão ao fato de eu ser gay. As pessoas podem dizer isso umas para as outras, mas ninguém nunca falou isso para mim. Por outro lado, nessa cena, em mais de 30 anos só o Rob Halford e eu falamos abertamente sobre isso.


Você se apaixonou de repente pelo seu hoje ex-namorado.
Foi uma coincidência conhecer uma criatura que me fez dizer “uau”. Esteticamente eu sempre preferi os homens, mas nunca tinha encontrado alguém que fosse capaz de interferir no meu equilíbrio com o universo daquela forma. Mas a questão é: fui eu que atraí isso? Seis meses antes, eu disse para o meu amigo Erlend Eriksen (ex-baterista do Gorgoroth), meio de brincadeira, que havia chegado um ponto em que ou eu encontrava um fetiche ou me apaixonava. Eu estava em um vácuo, dentro do qual tinha tudo o que sempre quis, mas nada me preenchia. E então conheci uma pessoa que... Eu sou uma pessoa bem pé no chão, mas lembro de ter sentido que o chão era um lugar estranho para me manter em pé. É por isso que não posso dizer que nunca vou criar a minha própria marca. A gente nunca sabe o que pode acontecer, o que de repente a gente pode sentir vontade de fazer.


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